Política e Administração Pública

Miguel Jorge defende desoneração de investimentos para vencer crise

12/05/2009 - 22:01  

Ministro afirma que a concessão de crédito está se recuperando, defende a redução de IPI para o setor automotivo e diz que o spread bancário vai cair com a recuperação da economia.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, admitiu que a atual carga tributária paga no País é muito pesada e defendeu a suspensão do IPI, do PIS e da Cofins para os chamados bens de capital, que incluem máquinas compradas por empresas e indústrias. O objetivo, segundo Miguel Jorge, é manter a taxa de investimento da economia. "Esse é um dos poucos países do mundo em que antes mesmo de uma fábrica começar a funcionar ela já paga imposto."

As declarações foram feitas durante audiência pública, promovida nesta terça-feira pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio em conjunto com as cinco comissões especiais de monitoramento da crise econômica.

Na avaliação do ministro, o pior da crise já passou. "Alguns setores já demonstram recuperação, que esperamos que se estendam a outros setores ainda em crise. Este último trimestre foi bem melhor que o anterior. A partir do segundo semestre, os bons resultados vão aparecer", disse.

O deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ), autor do requerimento que pediu a audiência, lembrou que a Câmara tem tomado medidas efetivas para colaborar com o País no enfrentamento da crise, mas observou que, sem um esforço conjunto, não será possível vencê-la.

Crédito e mercado externo
Na avaliação do deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), o crédito deve ser o principal esforço para combater a crise. Em tom otimista, Miguel Jorge lembrou que, após uma expressiva queda no mês de janeiro, a concessão de crédito teve uma recuperação de 11%, de janeiro até o fim de abril, voltando aos índices de julho de 2008.

Já o deputado Albano Franco (PSDB-SE), ressaltou que a queda das exportações e a falta de novos investimentos também são questões a serem consideradas no combate à crise. Apesar da diminuição de 22,8% das importações e da queda de 16,4% nas exportações, o ministro disse que nem tudo são notícias ruins comércio exterior. "Se, por um lado, isso significa menos comércio, por outro significa que o saldo da balança comercial foi 3,3 bilhões de dólares positivo em abril. Uma melhora de 49,4% desde janeiro, quando ele ficou negativo", ressaltou.

Para provar que o Brasil estaria reagindo melhor do que outros países, o ministro mostrou que o volume do mercado interno cresceu 50% desde 2003. Segundo Miguel Jorge, o crescimento se deveu a mudanças no Imposto de Renda e aos aumentos do salário mínimo, do seguro desemprego e dos benefícios da Previdência Social, além da inclusão de mais de 2 milhões de famílias no programa Bolsa Família.

Cooperativismo e IPI
Na avaliação do deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), o governo deveria estimular o cooperativismo de crédito como contraponto ao monopólios dos bancos na área de empréstimos. Apesar de Miguel Jorge concordar que as cooperativas de crédito devem ser estimuladas, ele disse que essa não deva ser uma tarefa do governo. Segundo ele, as cooperativas é que devem se organizar. "Até porque os objetivos delas são bem diferentes daquele dos bancos. As condições oferecidas por elas são bem melhores", disse.

Dr. Ubiali também mostrou preocupação com a queda da arrecadação dos estados com a redução do IPI dos automóveis. O ministro disse que no início do ano havia quase 360 mil veículos no pátio das montadoras e lembrou que elas já estavam dando férias coletivas aos seus funcionários. "Como é uma das cadeias mais extensas e importantes da economia, decidimos conceder a redução, até porque a queda da arrecadação sem essa redução teria sido muito pior", disse Miguel Jorge.

Na opinião do ministro, a redução do IPI para a maioria dos insumos terá efeitos multiplicadores sobre o emprego.

Continua:
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Miguel Jorge apresenta ações do ministério para combater a crise

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Reportagem - Juliano Pires e Idhelene Macedo
Edição - Natalia Doederlein

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