Agropecuária

Pecuaristas cobram medidas contra o desemprego no setor de carnes

29/04/2009 - 21:43  

Gripe suína gera receio de queda de demanda pela carne de porco.

Representantes das associações produtoras e exportadoras de carnes bovinas, suínas e de frangos apresentaram, nesta quarta-feira, um diagnóstico do setor à comissão especial que avalia os efeitos da crise econômica na agricultura. Segundo eles ressaltaram, a crise mundial reduziu o crédito, as exportações e o número de empregos na indústria brasileira de carnes.

Só no setor de carne bovina, houve cerca de 18 mil demissões, desde o início da crise, e queda de 26% nas exportações no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2008. Já a produção de frangos foi reduzida em quase 20%.

Além da crise financeira, o presidente da Associação Brasileira de Carne Suína, Pedro de Camargo Neto, teme agora pelos efeitos negativos da gripe suína: "A influenza N1H1 tem um nome equivocado, o que deixa o consumidor mal informado. É preciso ter foco no problema, que é a contaminação homem a homem; e não foco no suíno. O consumidor fala em `gripe suína` e já fica receoso, o que leva os compradores a terem mais cuidado."

Segundo ele, "nenhum país parou oficialmente a importação do produto do Brasil, mas há uma preocupação de queda de demanda."

Tributos
Os produtores e exportadores de carne querem a redução da carga tributária e linhas de crédito efetivas para custeio e capital de giro. O presidente da União Brasileira de Avicultura, Ariel Mendes, reclama que os recursos prometidos pelo governo federal não foram efetivamente liberados: "O dinheiro não chegou às empresas. Queremos que o governo crie uma linha de crédito de emergência para a avicultura: alguma coisa em torno de R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões, com flexibilização de exigências".

Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos, disse que vê "luz no fim do túnel" em relação às dificuldades do setor. Porém, de acordo com ele, o governo não pode demorar a tomar medidas concretas para evitar o fechamento de empresas. "O Brasil vai sair da crise mais forte se descobrir a sua vocação de maior produtor de alimentos do mundo", afirmou.

Veto
Empresários e deputados manifestaram revolta com o veto, do presidente Lula, à isenção da contribuição social para o Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural (Funrural) sobre a receita obtida com sementes, mudas, sêmen, embriões e animais usados como cobaias em pesquisas. O benefício era um dos pontos incluídos na MP 447/08, aprovada pela Câmara no fim de março. O veto foi publicado nesta quarta-feira.

O relator da comissão especial, deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), argumenta que o veto atrapalha a recuperação do setor. "Foi uma coisa frustrante, porque era uma conquista que já havíamos conseguido. O presidente da República assumiu o compromisso com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. O setor rural está se sentido enganado", disse.

O veto também foi criticado pelo representante do setor de suínos: "Os setores automobilístico e de geladeiras receberam uma redução de IPI; mas, para nós, veio o retrocesso. O fim da dupla tributação, que a Câmara havia aprovado, foi vetado pelo Executivo num momento de crise. É um absurdo o que aconteceu", lamentou Pedro de Camargo Neto.

Diagnósticos
Lupion designou três parlamentares para apresentar, à comissão, relatórios específicos sobre o impacto da crise econômica em cada setor da indústria de carnes — bovinas, suínas e de frangos. Eles são, respectivamente, os deputados Luiz Carlos Setim (DEM-PR), Zonta (PP-SC) e Alfredo Kaefer (PSDB-PR).

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Reportagem - José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição – João Pitella Junior

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