Saúde

Genéricos evoluíram mais que remédios de marca, diz indústria

28/04/2009 - 19:09  

Em 10 anos, o índice de evolução dos genéricos no Brasil é três vezes superior ao dos demais medicamentos em comercialização. Essa constatação foi apresentada nesta terça-feira na Câmara pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-Genéricos), Odnir Finotti.

Tanto o representante da indústria de genéricos como a gerente de Tecnologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Tatiana Lowande, avaliaram positivamente os 10 anos de implantação da política de medicamentos genéricos no Brasil, durante audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família.

"Esse índice positivo se deve à confiança da população nesses produtos. Além disso, os critérios para fabricação são rigorosos e exigem altos investimentos", afirmou Finotti.

Redução de preços
Para a gerente de Tecnologia da Anvisa, a principal vantagem da adoção dos genéricos foi a redução média de 35% nos preços em relação aos medicamentos de referência. Ela informou que hoje são comercializados no Brasil mais de 2.000 genéricos registrados, que representaram, em 2008, 17% do setor de medicamentos.

No entanto, estudo do Instituto Brasileiro de Defesa de do Consumidor (Idec), apresentado na audiência pela deputada Rita Camata (PMDB/ES), revela que 77% dos médicos não discriminam nas receitas o princípio ativo do medicamento indicado.

A presidente da Comissão de Seguridade, deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), também criticou o fato de muitos médicos não receitarem medicamentos genéricos, situação que já aconteceu com ela própria.

Tatiana Lowande disse que a Anvisa desenvolve um trabalho de conscientização dos profissionais, destinado a instruir a classe médica para que forneça esta opção ao consumidor, "porque é o médico que pode dar esta instrução. Na maioria das vezes, o farmacêutico, mas, para isso, ele precisa ter a autorização na receita do médico."

Desinformação
Para o presidente da Pró-Genéricos, os preconceitos contra os genéricos revelam desinformação. "Porque o medicamento genérico, através da lei, foi desenhado para ser exatamente como o medicamento de referência, aquele contra o qual ele é testado", explicou Odnir Finotti.

"Então, o medicamento genérico por estudos clínicos, ele é testado em pessoas sãs para saber se, no organismo, ele funciona igual ao outro", acrescentou. Na avaliação de Finotti, o maior desafio dos fabricantes nacionais são os prazos das patentes.

De acordo com a Lei de Patentes (Lei 9279/96), o prazo de validade das patentes é de 20 anos, mas os donos das marcas conseguem liminar na justiça para estender esse período, com argumentos baseados em leis estrangeiras.

O presidente da Pró-Genéricos chamou a atenção para o fato de que, em alguns países europeus, os genéricos representam 85% dos medicamentos comercializados. Para ele, os 17% que os genéricos ocupam no mercado brasileiro "revelam o longo caminho a ser percorrido" para o Brasil alcançar esse padrão internacional.

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Reportagem - Idhelene Macedo/Rádio Câmara
Edição - Newton Araújo

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