Comissões especiais da crise elegem presidentes e relatores

24/03/2009 - 18:35  

As comissões especiais que vão monitorar a crise econômica e sugerir propostas para o governo foram instaladas hoje com a eleição dos presidentes e indicação dos relatores. Os trabalhos começaram com a marca da preocupação e da pressa. Para os deputados, o combate à crise passa por respostas rápidas do Congresso.

"Se não tivermos uma ação rápida [das comissões], não temos por que existir", avaliou o deputado Guilherme Campos (DEM-SP), um dos integrantes da comissão que vai analisar o Comércio.

"A sociedade quer resultados", afirmou o presidente da comissão especial da Indústria, deputado Albano Franco (PSDB-SE). Para os presidentes dos colegiados, a crise pode ser uma oportunidade para o Congresso revitalizar propostas nunca votadas por dificuldades políticas.

Na avaliação do presidente da comissão especial do Comércio, deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o momento é de construção de alinhamentos. "Podemos agora reforçar agendas que estão, no momento, `dormentes`. O clima é favorável a essa construção", disse Rocha Loures.

Novas reuniões
Das quatro comissões instaladas hoje - a de Agricultura transferiu a reunião para amanhã -, duas já marcaram novas reuniões. A de Serviços e Emprego, presidida pelo deputado Fábio Ramalho (PV-MG), terá novo encontro amanhã, às 14h30. No mesmo horário deve se reunir a de Indústria. Ambas devem discutir o roteiro de trabalho.

Quatro relatores foram indicados, sendo três do PT: Antonio Palocci (SP) relatará a comissão especial do Sistema Financeiro e Mercado, Pedro Eugênio (PE) a de Indústria, e Vicetinho (SP) a de Serviços e Emprego. O deputado Neudo Campos (PP-RR) foi designado relator da comissão de Comércio.

Diagnóstico
O presidente da comissão que vai analisar o Sistema Financeiro, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), observou que o primeiro passo é fazer um diagnóstico dos bancos e da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Quintão avalia que é preciso conhecer o nível de alavancagem das instituições financeiras, para saber onde estão aplicados os ativos dos bancos instalados no país. "Esse diagnóstico é muito necessário. Precisamos saber se temos os nossos `subprimes`", disse o deputado, referindo-se à possibilidade de os bancos guardarem em carteira ativos podres, sem liquidez.

A alavancagem mede quanto do ativo de um banco está investido em aplicações financeiras, muitas das quais de alto risco de retorno. Quanto maior é a alavancagem, maior é o risco de não receber por uma aplicação, o que torna maior a probabilidade de insolvência futura.

Quintão disse ainda que a comissão deverá analisar os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às empresas listadas na Bovespa. O objetivo é saber o direcionamento que foi dado a esses recursos.

Nos Estados Unidos, a comissão do Congresso que acompanha o desembolso do primeiro programa de socorro às instituições financeiras, aprovado ainda na gestão de George Bush, descobriu que parte da ajuda federal foi usada para pagar bônus aos diretores de empresas.

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Reportagem - Janary Júnior
Edição - Newton Araújo

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