Oposição apóia a MP, mas critica o governo
28/10/2008 - 22:59
Nos debates em plenário, deputados de oposição reconheceram a urgência e a relevância da MP Anticrise, mas não deixaram de fazer críticas ao Executivo. De acordo com Emanuel Fernandes (PSDB-SP), "era uma necessidade imperiosa aumentar a liquidez, porque a redução dos depósitos compulsórios dos bancos junto ao Banco Central foi insuficiente". Ele disse, porém, que o governo "pratica um contorcionismo, porque tem vergonha de admitir que está fazendo o mesmo que governos anteriores, como o de Fernando Henrique Cardoso".
O deputado Vicentinho (PT-SP) disse que, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "soube pensar grande e cuidar do País nos últimos seis anos", desta vez, ao contrário do que ocorreu durante crises anteriores, "o Brasil tem alicerce, mercado interno, estabilidade monetária e geração de emprego". Segundo ele, a MP amplia a margem de manobra da política monetária para assegurar a oferta de crédito. "E só pode fazer isso quem tem lastro e respeitabilidade internacional", frisou.
Pioloto automático
Emanuel Fernandes disse que o governo Lula "herdou uma economia estruturada e agora vai ter de deixar de lado o piloto automático, coisa que não sabe fazer". Segundo ele, a oposição, ao contrário, tem responsabilidade e uma longa experiência no trato de crises".
O deputado José Genoíno (PT-SP) afirmou que a MP é correta porque prevê soluções para manter a atividade econômica, evita que os trabalhadores sejam penalizados e preserva a moeda nacional. "O Brasil está enfrentando melhor essa crise graças aos seis anos de governo de Lula, que reduziu nossa vulnerabilidade externa", disse. Segundo ele, é preciso rediscutir no plano internacional o papel das agências financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Caiu o castelo de areia do neoliberalismo, a apologia do mercado sem regulamentação e do enfraquecimento do Estado", concluiu Genoíno.
Impressão
José Carlos Aleluia (DEM-BA) disse que a MP é inócua. "O governo quer apenas dar a impressão de que está fazendo alguma coisa", sustentou. De acordo com ele, a MP não vai resolver nada porque "os bancos sabem do risco do redesconto".
Também da oposição, o deputado William Woo (PSDB-SP) apoiou a MP como adequada para enfrentar a falta de liquidez do sistema financeiro e evitar a recessão. "E precisamos debater ainda neste ano a reforma tributária, para melhorar o mercado interno e evitar o desemprego", acrescentou.
O líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), defendeu a MP, que "vai propiciar maior liquidez ao facilitar as operações de redesconto, os empréstimos em moeda estrangeira com garantia do Banco Central e as operações de arrendamento mercantil".
Proer
O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) rebateu a comparação, feita por vários oposicionistas nos últimos dias, da MP com o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), editado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "O Proer ajudou bancos privados, a maioria estrangeiros, a comprar bancos falidos; desta vez, é o Estado que está sendo acionado, é uma mudança radical de visão", comparou.
Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) disse que, em um momento delicado como o atual, o governo e a oposição precisam assumir suas responsabilidades. Hauly disse apoiar a MP, "desde que o governo garanta o bom uso do dinheiro, sem desperdícios". Segundo ele, a oposição quer colaborar, mas sem dar um "cheque em branco", pois quer garantias "de que serão feitos os ajustes necessários para enfrentar a recessão que vem aí".
Sem plano Reportagem - Luiz Claudio Pinheiro
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) criticou a MP e acusou o governo de não ter plano para enfrentar a crise. Segundo ele, a política econômica do Executivo prejudica a soberania nacional e deixa o Brasil à mercê do sistema financeiro global. "Não temos mecanismos para centralizar o câmbio, nem medidas preventivas para evitar que os bancos e empresas brasileiras entrem na roda da especulação internacional", protestou.
Edição - Newton Araújo Jr.
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