Dantas nega ter subornado delegado

13/08/2008 - 23:33  

O banqueiro Daniel Dantas negou nesta quarta-feira, no depoimento à CPI das Escutas Telefônicas, que tenha participado de suborno a um delegado da Polícia Federal, conforme acusação no âmbito da Operação Satiagraha. O ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz e o suposto lobista Hugo Chicaroni foram acusados de subornar o delegado a mando de Dantas, uma vez que os envolvidos seriam próximos ao empresário.

Respondendo ao deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), Dantas afirmou que não participou do suborno e que o dinheiro encontrado com Chicaroni não era do grupo Opportunity. O empresário admitiu, no entanto, que é amigo de Braz e que ele continua prestando serviços de consultoria para o seu grupo.

De acordo com as investigações da PF, a tentativa de suborno era para que os nomes de Dantas e de seus familiares fossem retirados do inquérito da Operação Satiagraha. Braz aparece em gravações oferecendo um milhão de dólares a um delegado.

Greenhalgh
O banqueiro confirmou na CPI que o advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh ligou para o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para obter informações sobre suspeitas de que a polícia estaria investigando Humberto Braz, já que Braz estaria sendo seguido por um integrante da Abin a serviço da PF.

A ligação do ex-deputado foi captada por um grampo da PF, mas o banqueiro informou que esse não era o principal motivo da contratação de Greenhalgh. O ex-deputado deveria fazer a intermediação entre Dantas e representantes de fundos de pensão para efeitos administrativos na Brasil Telecom, porque a relação entre os grupos – que participavam da administração da telefônica – estaria "esgarçada".

Grampos
O empresário também negou que tenha contratado a empresa Kroll para realizar interceptações telefônicas contra adversários empresariais ou integrantes do governo. Segundo ele, a Brasil Telecom contratou a empresa americana para investigar a Telecom Itália, por ter se considerado prejudicada na disputa pela Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). A Brasil Telecom foi obrigada a aumentar de R$ 750 milhões para R$ 800 milhões a oferta para comprar a CRT, pois a Telecom Italia teria oferecido R$ 850 milhões, ainda que fosse legalmente impedida de participar da negociação.

A Brasil Telecom, então, contratou a Kroll para descobrir o destino desses R$ 50 milhões pagos a mais, segundo Dantas. "A Kroll não concluiu a investigação, mas na época existiam fortes suspeitas de que o dinheiro foi destinado ao pagamento de propina", acusou.

Dantas disse que a empresa foi contratada para entrevistar pessoas que tivessem informações relevantes sobre a operação de compra da CRT. De acordo com o empresário, a Kroll estava "muito próxima" de descobrir que o destino do valor pago a mais pela CRT foi propina.

Porém, segundo ele, a investigação foi abafada pela Operação Chacal, realizada pela Polícia Federal em 2004, que desvendou um esquema de escutas telefônicas clandestinas feitas pela empresa americana Kroll Associates. A operação demonstrou que a Kroll também investigou autoridades brasileiras.

Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição – João Pitella Junior

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