Deputados acreditam que empresário passou recados

13/08/2008 - 23:33  

Depois da audiência nesta quarta-feira com o banqueiro Daniel Dantas, deputados consideraram graves as acusações feitas por ele, mas salientaram que elas devem ser "relativizadas", uma vez que o empresário depôs protegido por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que o autorizava a "falar o que quisesse", na definição do relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA).

Ele destacou dois pontos "graves" do depoimento que mereceriam uma apuração mais aprofundada: a acusação de que integrantes da Polícia Federal e da Abin estariam "instrumentalizados" para atuar em uma disputa empresarial, pressionando Dantas para que ele cedesse o controle da Brasil Telecom; e a suposta declaração do delegado Protógenes Queiroz de que estaria investigando o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O relator lamentou, no entanto, o fato de a CPI não ter recebido da PF os inquéritos das operações Chacal e Satiagraha para poder contestar as declarações do banqueiro. "Os depoimentos não são os únicos elementos da investigação; temos que analisar os autos das operações e fomos prejudicados pelo fato de ainda não termos recebido os documentos", destacou.

Telefonia
Segundo o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), o depoimento mostrou que "não há mocinhos" nos negócios do ramo de telefonia: "Todos os negócios no setor parecem uma máfia, que permite tudo pelo lucro". Ele não descartou a possibilidade de haver uma acareação entre Daniel Dantas e o delegado Protógenes Queiroz para esclarecer as declarações do empresário.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) interpretou o depoimento como um recado de que Dantas não "afundará sozinho". "Ele espalhou brasas para todos os lados e trouxe muito material para reflexão. Não descarto a veracidade das informações, mas cada declaração representa apenas os interesses dele", acrescentou.

Domingos Dutra (PT-MA) indagou o empresário sobre os motivos que o levaram a "falar tanto" na CPI, uma vez que ele tinha se recusado a responder perguntas na Polícia Federal e obtido um habeas corpus no Supremo para ficar em silêncio na CPI. Dantas declarou que pediu o habeas corpus porque estava com receio de ser vítima de perseguição política entre os deputados e, ao perceber que isso não ocorreria, se sentiu "à vontade" para falar.

Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição – João Pitella Junior

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