Convocação de Gilberto Carvalho divide CPI das Escutas

07/08/2008 - 18:15  

A possível convocação do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, divide opiniões na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas. Os deputados Gustavo Fruet (PR) e Vanderlei Macris (SP), ambos do PSDB, querem ouvir o assessor do presidente Lula, porque ele pode ter sido alvo de uma escuta telefônica durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Já o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), considera que essa medida seria precipitada, por não ter identificado, até agora, qualquer relação entre Carvalho e os fatos investigados pela CPI.

Fruet esclarece, no entanto, que pelo menos neste momento o chefe de gabinete seria ouvido como testemunha, e não como investigado. "Ainda não está caracterizado se ele foi investigado, ou se foi ouvido por causa da gravação de um alvo da investigação da PF, que era o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. O delegado Protógenes Queiroz não deixou claro, no depoimento de ontem, se o alvo era o Greenhalgh ou também o Gilberto Carvalho", disse Fruet.

Além disso, de acordo com o deputado, é preciso esclarecer se houve tráfico de influência. "É ou não é normal um advogado procurar o chefe de gabinete da Presidência da República para ter informações sobre uma investigação da PF?" questionou. Fruet também quer saber qual é a relação do grupo econômico liderado pelo banqueiro Daniel Dantas (que foi preso durante a operação) com pessoas ligadas diretamente ao governo.

Doação de campanha
O deputado Marcelo Itagiba explicou a doação para sua campanha recebida do executivo Dório Ferman, considerado o braço direito de Daniel Dantas. "Não recebi doação de aliados, mas uma colaboração depositada na Justiça Eleitoral de R$ 10 mil do senhor Dório, que faz parte da comunidade judaica do Rio de Janeiro. Como eu tive votação nessa comunidade, ele colaborou", disse Itagiba. "Estamos falando de algo que aconteceu há dois anos, no período eleitoral, quando ainda não havia nenhum procedimento contra a pessoa que doou para a campanha", completou.

Dório Ferman é dono de 99% das cotas do banco Opportunity e foi indiciado, no relatório final da operação, sob acusação de gestão fraudulenta. Ele também colaborou com a campanha do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que afirma não conhecê-lo.

Como parte da Operação Satiagraha, mais de 20 pessoas foram presas no início de julho por suposta participação em crimes financeiros, como lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha.

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Reportagem - Mônica Montenegro/Rádio Câmara
Edição - João Pitella Junior

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