CPI convocará Daniel Dantas, delegado e juiz para depor

16/07/2008 - 18:45  

Os desdobramentos da Operação Satiagraha da Polícia Federal (PF) provocaram a convocação de três pessoas envolvidas nas investigações para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas. A CPI aprovou nesta quarta-feira requerimentos para que sejam ouvidos o banqueiro Daniel Dantas, acusado de crimes financeiros, evasão de divisas e de formação de quadrilha; o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a operação da PF; e o juiz Fausto de Sanctis, que autorizou as prisões dos principais acusados. Os depoimentos ocorrerão em agosto.

Em princípio, os três vão depor na CPI sobre assuntos ligados a grampos telefônicos. Porém, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que a oposição vai abordar temas relacionados à Operação Satiagraha. "A partir desse depoimento, seguramente queremos expor com clareza o que está em jogo nessa investigação: além das escutas, se os fatos apurados comprovam denúncias formuladas na CPMI dos Correios com relação a financiamento ilegal de partidos da base do governo e se os fatos apurados comprovam abuso de autoridade e tráfico de influência", ressaltou.

Delegados afastados
Também nesta quarta-feira, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) apresentou requerimento de informações para o Ministério da Justiça sobre os motivos do afastamento dos delegados da Polícia Federal responsáveis pela Operação Satiagraha - além de Protógenes Queiroz, saíram da investigação Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro. "Não dá para entender essa substituição. Parece-nos que os prejuízos à investigação serão grandes. As explicações foram insuficientes. O cheiro de pressão política para proteger certos personagens é grande", destacou. O requerimento será analisado pelo primeiro-secretário, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que apresentará seu parecer à Mesa Diretora. Se aprovado, o requerimento de informação será encaminhado ao ministro da Justiça, que terá 30 dias para se manifestar.

O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) também reclamou do afastamento dos delegados. "Isso é uma demonstração de que pode estar havendo pressões do governo na tentativa de acobertar essas investigações. Esperamos que não. Que esse seja apenas um sintoma, mas que não seja realidade", disse.

Já a deputada Rita Camata (PMDB-ES) espera que os culpados sejam devidamente punidos. "Os brasileiros estão vendo o trabalho da Polícia Federal. Que seja um trabalho sempre autônomo, sério e competente, na busca de formular os inquéritos para que principalmente o colarinho branco nesse País e aqueles que cometem crime sejam responsabilizados e paguem. Eu espero que o afastamento desses três delegados, a dez dias da conclusão do inquérito, não represente a perspectiva de mais denúncias de escândalos sem que a punição e a responsabilização daqueles que devem de fato sejam concluídas."

Oportunidade para esclarecimentos
Parlamentares de vários partidos também foram à tribuna do Plenário para criticar o afastamento dos delegados, mas o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), lembrou que Protógenes Queiroz poderá esclarecer todas as dúvidas sobre sua substituição durante o depoimento à comissão. "A vinda do delegado aqui pode ser até o momento de ele dizer se pediu para ser afastado ou se foi afastado", disse.

O líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), negou qualquer interferência do governo na investigação da Polícia Federal. "O Poder Executivo, ao contrário do que aconteceu em outros governos, não está interferindo na Polícia Federal. Eu quero que haja um aperto aos corruptos, aos colarinhos brancos e também ao criminoso de rua. E, portanto, fico satisfeito de ser deputado de um partido que, estando no governo, contribuiu para o combate à corrupção, fazendo com que a Polícia Federal tivesse todas as condições de desbaratar uma quadrilha que teve a sua ramificação lá atrás, na época da privatização da Telebrás, em 1998", afirmou.

Segundo Rands, a substituição dos delegados é um assunto interno da Polícia Federal.

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Reportagem - José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição - Marcos Rossi

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