Patente de 2º uso dificulta cura de doenças, diz médico

03/07/2008 - 17:32  

O coordenador da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais da organização não-governamental (ONG) Médicos sem Fronteiras, Michel Lotrowska, declarou hoje que a concessão das patentes de segundo uso atrapalha o acesso a medicamentos importantes para o tratamento de doenças, especialmente nos países menos desenvolvidos.

Em sua opinião, essas patentes também dificultam o desenvolvimento de remédios para as chamadas doenças negligenciadas, como dengue, chagas, leishmaniose, tuberculose, aids pediátrica e malária. "A indústria só desenvolve blockbusters, ou seja, medicamentos que atingem os mercados globais. Ela procura mercado e não necessidades de saúde", avaliou.

Empresas x população
Lotrowska acredita que a liberdade para outras empresas explorarem o segundo uso de medicamentos patenteados favoreceria o desenvolvimento de tratamentos para as doenças negligenciadas. "Será que uma proteção maior dos interesses das empresas com patentes é uma vantagem para o País, para a população e para o desenvolvimento industrial?", indagou.

O presidente do Conselho Consultivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, Jorge Raimundo Filho, acredita que sim, e argumenta que a garantia da propriedade industrial dá segurança jurídica aos investidores do setor, além de ser uma "questão de justiça".

Segundo ele, o desenvolvimento de um medicamento consome aproximadamente 15 anos de trabalho de pesquisadores, sendo grande parte do período repetida no caso da elaboração de uma nova aplicação terapêutica. Ele afirmou ainda que de 1% a 2% dos gastos da indústria farmacêutica mundial é aplicado em doenças negligenciadas.

Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição - Renata Tôrres

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