Política e Administração Pública

Mantega critica alarmismo em relação à alta da inflação

02/07/2008 - 14:48  

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira (3), durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que está havendo "exagero" e "alarmismo" em relação à alta da inflação, que já estaria sendo controlada por medidas adotadas pelo governo. Segundo o ministro, o tema é preocupante, mas a variação dos preços está em níveis moderados e controlados.

Apesar de minimizar o problema, o ministro afirmou que o governo adotará todas as medidas necessárias para combatê-lo, ainda que não pretenda aplicar ações que restrinjam muito o crescimento econômico, que deverá ficar entre 4,5% e 5% em 2008. "Há um alarmismo ruim, porque acaba contagiando. O cidadão vê o noticiário e acredita que a inflação está subindo barbaramente. Está subindo na China, na Rússia, mas aqui não. No Brasil, subiu 2,5%, 3%. Temos que dar a verdadeira dimensão: o problema é sério, mas o governo está tomando as medidas devidas", declarou. "Daqui a pouco, vamos ver dona de casa fazendo estoque de algum produto cujo preço vai cair quando entrar a safra", acrescentou.

Dragão da inflação
O ministro criticou a imagem do "dragão da inflação", utilizada por alguns deputados presentes à audiência, por considerá-la exagerada. "Dragão parece um monstro perigoso que vai nos devorar. Ainda não estamos nesse ponto. O governo se preocupa, mas [a inflação] não chega a ser um monstro perigoso que pode causar maiores danos", disse.

O ministro considera que a inflação brasileira resulta de choques externos, como o aumento dos preços das `commodities` (especialmente alimentos e petróleo) e que, mesmo assim, está abaixo da média da inflação mundial. Ele lembrou que apenas Brasil e Canadá, entre várias economias que adotam o sistema de metas da inflação, estão cumprindo os objetivos traçados para este ano.

A visão "amena" do ministro foi criticada por parlamentares da oposição, que acusam o governo de não reduzir os gastos públicos para arrefecer a pressão inflacionária. O deputado Luís Carlos Hauly (PSDB-PR), por exemplo, declarou que, "mesmo com todos os cortes [nos gastos públicos], as despesas estão quase 9,2% maiores do que no ano passado", acusou.

Fundo soberano
Outra medida listada pelo ministro como importante para combater a alta inflacionária é o chamado Fundo Soberano do Brasil, cujo projeto de lei já está na Casa Civil e deverá ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, para ser publicado no Diário Oficial de amanhã.

Segundo Mantega, o fundo terá recursos orçamentários de aproximadamente R$ 14,2 bilhões, dinheiro que o governo deixará de gastar, reduzindo a demanda e arrefecendo a pressão inflacionária. Para ele, o fundo é "mais eficiente que a elevação de juros, pois reduz a atividade sem aumentar a despesa do governo com juros".

Além dessa função fiscal, o ministro destacou que o fundo poderá exercer funções cambiais (pois a poupança fiscal em reais poderá ser usada para comprar dólares no mercado local, reduzindo a pressão de valorização do real) e de fortalecimento da atividade brasileira no exterior.

Mantega garantiu ainda que os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) serão mantidos integralmente e não sofrerão impacto com a composição do fundo soberano. "O PAC não será afetado, pode haver alguma oscilação no empenho, por questões técnicas, que não dizem respeito à disponibilidade de recursos", declarou.

Notícias anteriores:
Criação de fundo soberano divide opiniões na Câmara
Secretário do Tesouro pede aprovação do Fundo Soberano
Armínio Fraga defende autonomia do BC e controle de gastos

Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição – Renata Tôrres

(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura `Agência Câmara`)

Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.