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Direitos Humanos quer informações sobre mortos do Araguaia

27/03/2008 - 20:01  

A Comissão de Direitos de Humanos e Minorias vai ouvir ex-militares que combateram a Guerrilha do Araguaia. A intenção é colher informações que levem à localização dos restos mortais de guerrilheiros que lutaram contra a ditadura militar na selva do Pará, nos anos 70.

A audiência pública ainda não tem data marcada, mas alguns convidados já foram definidos. Entre eles, está o tenente da reserva José Vargas Jiménez, que, em entrevista recente ao Jornal do Brasil, disse que os militares entraram na mata para exterminar a guerrilha. Em um livro de memórias, o tenente também afirma que alguns corpos foram deixados na floresta e outros levados para bases militares na região do baixo Araguaia.

Devem ser ouvidos ainda o coronel da reserva Lício Ribeiro Maciel, um dos comandantes da repressão militar à guerrilha; e o atual prefeito e fundador da cidade de Curionópolis, Sebastião Curió.

Busca das vítimas
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), disse que o objetivo da audiência pública é ajudar as famílias das vítimas a dar um enterro digno aos mortos pela ditadura. "Ali morreram guerrilheiros e camponeses que estão insepultos, até porque sequer as ossadas foram achadas. Essas famílias sofrem até hoje", disse. "Muitas pessoas no Brasil sabem a verdade, são arquivos vivos. E nós precisamos que esses arquivos vivos sejam abertos: não só o arquivo da memória de cada pessoa, mas também os formatados em papel, em documento", complementou.

A guerrilha do Araguaia deixou quase 60 guerrilheiros mortos, a maioria filiada ao PCdoB. Há também um número incerto de camponeses desaparecidos.

Operação Condor
Pompeo de Mattos marcou para 17 de abril outra audiência pública, desta vez para debater a Operação Condor, aliança político-militar dos governos ditatoriais da América do Sul montada no início dos anos 70. O deputado espera que a reunião ajude a desvendar mistérios por trás da morte do ex-presidente brasileiro João Goulart, ocorrida no exílio em 1976.

"Isso envolve o cone sul, obviamente Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile. Na Operação Condor, com certeza, mataram o João Goulart, que não teve direito a necropsia, não teve direito, enfim, a qualquer exame clínico. Foi enterrado com caixão lacrado. E outros brasileiros também estão insepultos exatamente porque a verdade não floresceu", disse o deputado.

O presidente da comissão garantiu que as audiências não vão alimentar ressentimentos nem revanchismos, e sim resgatar a verdade de fatos históricos.

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Reportagem - José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição - João Pitella Junior

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