Política e Administração Pública

Entidade médica pede mais recursos para tratamento renal

13/03/2008 - 14:19  

O presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Jocemir Lugon, disse que o aumento dos custos da diálise e o número reduzido de nefrologistas na rede pública dificultam o tratamento dos portadores de doença renal crônica. Para reverter esse quadro, ele cobrou a regulamentação da Emenda 29 e o aumento do orçamento para a saúde.

A declaração foi feita na manhã de hoje, em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família, que discutiu a prevenção às doenças renais. O coordenador de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, Joselito Pedrosa, disse que há 1,8 milhão de pacientes com doença renal crônica no Brasil, sendo que 73 mil fazem diálise. Os gastos com o tratamento da doença chegam a R$ 2,5 bilhões por ano, sendo R$ 1,5 bilhão só com diálise.

Por causa do custo elevado desse tratamento, Pedrosa disse que é preciso incentivar a população a prevenir e tratar doenças como hipertensão e diabete, que contribuem para o agravamento das doenças renais.

Pedrosa informou que a taxa de óbito no Brasil relacionada à doença é alta. Para ele, seria necessário que os portadores procurassem atendimento antes de chegar ao estágio em que dependem de diálise.

Jocemir Lugon, por sua vez, ressaltou que muitos portadores de doença renal crônica morrem por complicações cardiovasculares, antes também de precisar ser submetidos à diálise.

Incentivo à prevenção
Também na audiência, o representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Natalino Salgado Filho, disse que é preciso haver mais divulgação sobre a doença renal crônica, com a identificação dos grupos de risco e a prevenção de complicações.

Salgado Filho informou que 125 mil pacientes deverão estar em diálise em 2010. Hoje, segundo ele, 50% dos doentes não têm acesso ao diagnóstico nem à terapia renal substitutiva. Além disso, há 30 mil pacientes transplantados e 32 mil na fila de espera por um transplante de rim.

Segundo Joselito Pedrosa, a doença renal crônica atinge mais homens do que mulheres, o que demonstra a necessidade de haver uma política para a saúde do homem.

Acesso à diálise
Os representantes da Sociedade Brasileira de Nefrologia e do Ministério da Saúde divergiram sobre a razão da queda do percentual de acesso dos pacientes à diálise. Segundo pesquisa feita pelo ministério, o crescimento anual desse acesso era de 9%, mas foi de apenas 4% de 2005 para 2006.

Jocemir Lugon, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, avaliou que as pessoas continuaram a ter a doença, mas não tiveram o acesso necessário à diálise. Ele estimou que, por essa razão, 3,5 mil pessoas morreram no País em 2006.

O coordenador de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde considerou, por sua vez, que há possibilidade de erro na base de dados. Ele disse que é ainda não é possível concluir, portanto, se houve uma queda no acesso à diálise. "Se houver algum problema na identificação desse procedimento, a base nacional pode gerar um dado equivocado", disse.

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Reportagem - Paula Bittar/Rádio Câmara
Edição - Pierre Triboli

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