Agropecuária

Deputado sueco diz que embargo será resolvido em semanas

26/02/2008 - 20:19  

O chefe da delegação de deputados da Suécia em visita à Câmara, Ola Sundell, afirmou que o embargo da União Européia imposto à carne brasileira é resultado de programas sanitários. Na avaliação do parlamentar, o assunto será resolvido nas próximas semanas. A informação foi dada em audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural nesta terça-feira.

Integrante do Partido Moderado, o deputado Sundell explicou que a suspensão do embargo interessa não apenas ao Brasil, mas também aos consumidores suecos. Sundell também revelou que todos os partidos de seu país concordam com a diminuição dos subsídios aos produtores locais, para que o mercado opere mais livremente. Além de Sundell, outros 11 deputados suecos participaram da reunião da Comissão de Agricultura. Eles visitam o País a fim de conhecer melhor a política agrícola brasileira.

O presidente da comissão, deputado Marcos Montes (DEM-MG), acredita que o encontro vai ajudar na solução do problema do embargo. Montes acrescentou que os parlamentares tiveram oportunidade de conhecer melhor a realidade da injustiça que o Brasil tem vivenciado com o embargo. "Foi de forma acintosa, tendenciosa, colocou o Brasil como um vilão na história. Outros países não têm a mesma dimensão de exigências a que o Brasil está submetido."

Questão comercial
O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) também concorda que depois de conhecer a realidade brasileira os parlamentares europeus voltam com outra visão. Ele avalia que o embargo é uma questão comercial, e não sanitária. Para Heinze, o embargo favorece produtores irlandeses e ingleses com dificuldades para competir com o produto brasileiro em termos de preço e qualidade. "Conseqüentemente, eles fizeram valer a sua opinião junto à União Européia. E agora, o que precisamos é continuar discutindo e pressionando", ressaltou.

Heinze informou aos parlamentares suecos que na agropecuária brasileira existem 180 milhões de bovinos de corte com 220 milhões de hectares de pastagens, incluindo as naturais e as cultivadas. "Poucos países têm esse potencial."

Para o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), o embargo é decorrente da imaturidade do governo brasileiro nas suas relações internacionais. "É praticamente impossível fazer alguma coisa que possa compensar a trapalhada com que o Brasil se meteu nesses últimos dois anos, recebendo constantes avisos da UE de que haveria um controle rígido das exportações e ignorando", afirmou.

O embargo
No início deste ano, o Brasil enviou uma lista com 2.681 fazendas habilitadas a vender animais submetidos ao sistema de rastreabilidade de doenças. Alegando que esperava uma lista com no máximo 300 fazendas, compatível com a capacidade de fiscalização, no dia 31 de janeiro, a União Européia (UE) suspendeu as importações de carne do Brasil. A UE também alegou insuficiência das garantias sanitárias e de qualidade dadas pelo País.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que as exigências da UE para a importação de carne brasileira "vão além das necessidades". Para o ministro, "não há dúvidas de que, por trás de tudo isso, há uma discussão comercial".

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) também acredita que o embargo europeu não tem como motivo as condições sanitárias da carne brasileira, mas sim o comércio. "O que existe é uma disputa econômica de mercado, em que a carne brasileira está entrando na Europa por 1/4 do preço da que eles lá produzem", assegura.

Nesta semana, uma delegação de inspetores veterinários europeus estará no Brasil para vistoriar fazendas brasileiras.

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Reportagem - Idhelene Macedo/Rádio Câmara
Edição - Regina Céli Assumpção

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