Regulamentação do telemarketing é defendida em audiência

22/11/2007 - 14:09  

Os participantes da audiência pública sobre as relações trabalhistas e condições de trabalho na área de telemarketing, promovida nesta manhã pela Comissão de Defesa do Consumidor, defenderam a regulamentação do setor. A assessora jurídica do Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel), Valmira Luzia da Silva, afirmou que, por não haver regulamentação, muitas empresas não seguem a orientação dos sindicatos.

"Há centenas de clientes reclamando que foram abordados de forma indevida. Mas isso não ocorre por culpa do operador, mas pelo mau funcionamento da central de atendimento", disse. Ela lembrou que o serviço em telemarketing nasceu da reorganização do mundo do trabalho para garantir melhor atendimento e comunicação mais rápida e eficiente com o público.

Organização
Segundo Valmira da Silva, é preciso ampliar a regulamentação e os instrumentos para coesão do setor. Ela informou que existem mais de 300 centrais em todo o País, com 700 mil operadores no Brasil todo, 350 mil deles somente em São Paulo.

Ela ressaltou, contudo, que é necessário um esforço maior de todas as entidades patronais, dos trabalhadores e da sociedade em geral para melhorar o serviço, diminuir as pressões sobre os trabalhadores e melhorar a qualidade de vida deles. Na opinião dela, a má qualidade do serviço decorre da organização do trabalho no setor, que envolve um alto grau de competitividade e um treinamento específico voltado apenas para obtenção de lucro. "Para ter o maior lucro, no menor espaço de tempo possível, o atendente é treinado para seguir um script rígido e, por isso, não sabe responder qualquer coisa que saia dessa programação", criticou. "Os trabalhadores hoje são um `escudo humano`, são a ponte com as reclamações do consumidor, os bodes-expiatórios do processo", reclamou.

Norma regulamentadora
Já o assessor jurídico da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), Cláudio Tartarini, destacou que a Norma Regulamentadora 17, baixa no início deste ano pelo Ministério do Trabalho, deve melhorar muito as condições de trabalho dos atendentes e, conseqüentemente, do serviço prestado ao consumidor.

O advogado enfatizou que a norma garante que equipamentos e móveis de trabalho sejam adequados para não prejudicar a saúde do trabalhador, assim como o ambiente de trabalho, com boas condições de higiene e temperatura. Limites na jornada de trabalho - seis horas diárias - e pausas na atividade durante a jornada também são previstos na norma, segundo ele.

Reclamações
O autor do requerimento para realização da audiência, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), também defendeu a regulamentação da profissão de atendente de telemarketing. Ele lembrou que os call centers recebem muitas reclamações de consumidores, que antes eram dirigidas apenas aos Procons. Por isso, afirmou, os serviços precisam ser bem feitos para que o consumidor não seja prejudicado por essa transferência de reclamações.

O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) reclamou da ausência de representantes do Ministério do Trabalho na audiência. O parlamentar também reforçou a importância da regulamentação da profissão argumentando que não é possível oferecer amparo trabalhista a atendentes de telemarketing que desenvolvem doenças como lesões por esforço repetitivo (LER), se a profissão não é regulamentada.

Reportagem - Cristiane Bernardes
Edição - Natalia Doederlein

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