Cidades e transportes

Energia: ministério diz que hidrelétricas são prioridade

25/09/2007 - 20:42  

O assessor especial do Departamento de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia Gilberto Hollauer disse hoje, em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, considerar difícil a incorporação de fontes renováveis à matriz energética brasileira, principalmente por causa do aumento da demanda. Segundo ele, o Brasil terá de agregar até três mil megawatts de energia ao sistema anualmente até 2030. Essa previsão tem por base expectativa de crescimento médio da economia de 4,1% ao ano. "A prioridade continua sendo a energia hidráulica, que ainda tem grande potencial a ser explorado", afirmou.

De acordo com a chefe da área de infra-estrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lúcia Maria Coelho Weaver, os projetos para produção de energia com fontes alternativas são de pequeno porte. Segundo ela, no ano passado, o financiamento do banco para o setor foi da ordem de R$ 3,5 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões para a produção de biocombustíveis. "O banco tem todo o interesse em investir nesse setor, mas faltam bons projetos", afirmou.

Incentivos
Autor do requerimento para a realização da audiência, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse ter apresentando o Projeto de Lei 1563/07, que prevê o incentivo para à produção de energias limpas. "Hoje, 3% da energia elétrica brasileira provem de fontes renováveis. A meta proposta no projeto é atingir 15% em 2020", explicou.

O assessor para assuntos de bioletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar (Única) Onorio Kitayama assegurou que apenas a geração por meio de bagaço e palha de cana pode atingir esse porcentual. "Só com a utilização do bagaço, tecnologia já dominada, podemos gerar 15.214 megawatts. Com o uso da palha é possível chegar a 28.758 megawatts", afirmou Kitayama. Segundo ele, com as duas matérias-primas, o setor pode gerar em 2012 energia equivalente à produzida em Itaipu.

Atualmente, o País já conta com 2.245 megawatts provenientes da biomassa da cana-de-açúcar. Para impulsionar os negócios do setor, Kitayama sugere a redução da cobrança de ICMS para compra de equipamentos nos estados. Em nível federal, ele considera necessária a isenção de PIS/Cofins.

Para Hollauer, no entanto, a biomassa "nem precisa de incentivo, vai entrar no sistema naturalmente". Um dos motivos para isso seria o baixo custo. Um megawatt de energia proveniente desta fonte custa, segundo Hollauer, R$ 121, mais cara apenas que a hidroeletricidade, que custa R$ 116 o megawatt. Dentre as fontes renováveis a mais cara é a solar, com o megawatt vendido a R$ 1.800. O megawatt proveniente do carvão vale R$ 133, da nuclear R$ 151, do gás R$ 175, do óleo combustível R$ 182 e do diesel R$ 602.

Matriz renovável
De acordo com o assessor do MME, 46% da matriz energética brasileira vem de fontes renováveis, contra uma média de 7% no resto do mundo. Para o deputado Paulo Teixeira, no entanto, o País não pode se apegar a esse discurso para não investir em novas fontes. "Estamos bem agora, mas há uma corrida mundial por fontes alternativas", argumentou.

O deputado disse não haver dúvidas de que o BNDES tem bons projetos, "mas é necessário elevar a discussão a outro patamar". Para ele, é preciso "tirar o banco do estado da arte atual, torná-lo mais ativo e sensível para o financiamento de fontes renováveis e, com isso, tornar o Brasil um grande exportador de tecnologias de geração dessas energias".

Diretor de Geração e Transmissão das Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Fernando Henrique Schuffner Neto destacou a importância da energia solar para a redução do consumo residencial. Segundo ele, apenas o chuveiro elétrico representa cerca de 50% do valor das contas da população de baixa renda. Ele defendeu ainda investimentos em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Hoje existem, conforme disse, 286 dessas geradoras no País, mas algumas já têm quase 100 anos. Somente com a renovação desta capacidade instalada, Schuffner Neto afirma ser possível acrescentar 1.600 megawatts ao sistema. "Essa é uma fonte importante para pequenas localidades e quase não tem impacto ambiental", concluiu.

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Reportagem - Maria Neves
Edição – Wilson Silveira

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