Controladores relatam excesso de vôos em Congonhas

09/08/2007 - 14:25  

Os quatro controladores de vôo que trabalhavam no aeroporto de Congonhas (SP) no dia do acidente com o Airbus A-320 da TAM (17 de julho) relataram hoje, na CPI da Crise Aérea, que é comum haver congestionamento no tráfego aéreo do aeroporto. O controlador Eduardo Pires Dayrel afirmou que, por causa do congestionamento, sempre há necessidade de aeronaves fazerem órbita em Congonhas para esperar autorização de pouso. Segundo ele, já houve 15 órbitas simultâneas em setores separados.

O controlador Celso Domingos Alves Júnior informou que Congonhas dispõe de 25 vagas para os aviões estacionarem e que, diariamente, ocorrem entre 600 e 650 pousos e decolagens. A controladora Ziloá Miranda Pereira considerou, no entanto, que fazer órbita é normal. "É um procedimento de espera."

Para a deputada Solange Amaral (DEM-RJ), a situação reflete a falta de infra-estrutura adequada daquele aeroporto. "As vagas do pátio não foram ampliadas com a reforma e, ainda assim, há uma fila de 15 aviões fazendo órbita em cima, é muito perigoso", disse. "Essa espera não deveria acontecer. Para mim, 15 esperas é uma aberração", disse o deputado Miguel Martini (PHS-MG).

Interferência de sinais
A controladora Luana Morena Maciel Araújo, que é militar e trabalha há um ano no aeroporto, disse que ocorrem muitas interferências de rádio e telefonia celular na comunicação entre a torre de controle e os pilotos. "Isso traz alguma dificuldade. A gente tenta resolver mudando a freqüência, mas todas as freqüências têm um pequeno problema."

A controladora civil Ziloá Miranda Pereira, que trabalha em Congonhas há 28 anos, também afirmou que há muita interferência nas freqüências de comunicação, mas relatou que houve melhoria há cerca de um mês. "Muitas vezes, a aeronave não consegue receber as instruções, mas há freqüências alternativas que são usadas nesses casos."

O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), considerou as informações relevantes, e disse que o problema deve ser tratado pela comissão. "O tema da interferência de rádios comunitárias, de rádios piratas ou de celulares no aeroporto de Congonhas é um problema recorrente. Vamos recomendar ao governo uma fiscalização maior do espaço de São Paulo no que diz respeito à interferência nos rádios dos controladores de vôo."

Condições da pista
Os controladores também foram questionados sobre as condições da pista de Congonhas. Eduardo Pires Dayrel, que trabalha no aeroporto há 21 anos, respondeu que os controladores não têm especialização para dizer se a pista está boa ou não. Celso Domingos Alves Júnior explicou que, quando o piloto informa que a pista está escorregadia, a informação é repassada para a Infraero, para que seja feita a medição da lâmina d`água. "Sempre que estive na torre e isso foi pedido, a medição foi feita."

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Reportagem - Mônica Montenegro/Rádio Câmara
Edição - Pierre Triboli

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