Economia

Gerdau: Competitividade do País cai com custos de energia

04/07/2007 - 17:06  

O presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, disse que a produção industrial brasileira tem perdido competitividade no mercado internacional em razão do aumento dos custos com energia. Em audiência pública sobre o custo da energia na indústria, Gerdau lembrou que a tarifa cobrada do consumidor industrial aumentou 150% entre 2001 e 2006. No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou apenas 50%.

Um dos motivos desse aumento, segundo Gerdau, foi a criação de dez novos encargos governamentais, além dos tributos normais. Parte desses encargos devem financiar obras como a construção de gasodutos e a usina nuclear de Angra 3.

Exportação de impostos
O empresário afirmou que o controle da tributação é necessário para evitar a "exportação de impostos" - transferência da carga tributária cobrada no Brasil para os produtos brasileiros vendidos no exterior. Em sua avaliação, a atividade de produção de energia é viável e não precisa de mais encargos governamentais. Gerdau também defendeu a tributação sobre valor agregado para evitar a incidência dos impostos em várias fases da produção, ou seja, em cascata.

Apagão
O coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Infra-Estrutura Nacional, deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR), disse que está preocupado com a possibilidade de falta de energia elétrica no futuro, o que poderia prejudicar a produção industrial no País. Na audiência, Sciarra apontou também a necessidade de retomar a discussão da reforma tributária para incentivar a produção industrial. As mudanças no sistema tributário também foram defendidas pelo deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS).

O deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), por sua vez, ressaltou a importância de o Brasil investir em sistemas alternativos de energia, como a energia nuclear. Ele citou como exemplo os impactos positivos no setor produtivo provocados pelos investimentos realizados pela França em energia nuclear.

Licenças ambientais
Outra crítica do empresário Gerdau foi em relação à demora na emissão de licenças ambientais prévias para a construção de novas usinas. Nos últimos 10 anos, segundo ele, a emissão, que deveria demorar um ano, tem levado em média três anos.

Gerdau ainda condenou os leilões de energia nova com mais participação de termoelétricas, uma energia ainda mais cara e poluente. Segundo ele, é preciso reafirmar a vocação hidroelétrica do País. "A energia é fator da cadeia produtiva de todos os produtos. Então cada país tem que utilizar os seus potenciais. Quando um país tem carvão para a siderurgia ele leva vantagem sobre o Brasil que tem minério. A Austrália tem os dois. A China só tem carvão. Então, se o país não utiliza suas vocações naturais, é querer plantar banana na Argentina. Não dá."

Muito elogiado pelos parlamentares, Gerdau disse que o País vive um momento excepcional em termos econômicos, mas considerou insuficientes os investimentos feitos pelo governo em relação ao que arrecada. O empresário afirmou que a estrutura de planejamento do governo tem priorizado a gerência do orçamento, enquanto também deveria fazer planejamento das ações.

Para Gerdau, o País precisa crescer em torno de 7% ao ano. Ele avaliou que um crescimento de 5,5% é insuficiente, pois só vai conseguir igualar a relação entre oferta e procura. O empresário também afirmou que o Governo Lula conduz a área econômica de forma séria.

A audiência foi promovida pelas comissões de Minas e Energia; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e pela Frente Parlamentar em Defesa da Infra-Estrutura Nacional. O debate foi proposto pelo deputado José Otávio Germano (PP-RS).

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Reportagem - Sílvia Mugnatto/Rádio Câmara
Edição - Regina Céli Assumpção

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