Trabalho, Previdência e Assistência

ONG: Campanha ajudará na criação de centros para autistas

18/06/2007 - 19:39  

A presidente da ONG Movimento Orgulho Autista Brasil, Alexandra Capone, informou nesta segunda-feira que a instituição fará uma campanha nacional para saber quantas pessoas com autismo existem no País, a fim de lutar pela criação de centros de tratamento especializado em todo o território nacional. Esses centros, assinalou, devem ter os seguintes especialistas: fonoaudiólogo, terapeuta, psicólogo, psiquiatra, neurologista, pedagogo e nutricionista (os autistas podem ter alergia a alimentos com glúten e soja, e por isso é necessário, segundo ela, haver uma orientação).

Ela e outros especialistas defenderam mais apoio para os autistas nas escolas e a melhoria do atendimento a essas pessoas na rede pública de saúde. Os debates aconteceram durante encontro em comemoração à 3ª edição mundial do Dia do Orgulho Autista, promovido pelo Movimento Orgulho Autista Brasil e pela Coordenadoria para Inclusão da Pessoa Deficiente do Distrito Federal (Corde-DF), com apoio da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Alexandra Capone defendeu, ainda, a presença de terapeutas nas salas de aula para ajudar os alunos com autismo a assimilarem os conhecimentos transmitidos pelos professores. A professora Marlene Laval, diretora da Escola Classe 405 Norte, em Brasília, afirmou que faltam professores com formação para atender os autistas. A escola que ela dirige tem turmas de ensino especial e recebe 42 alunos autistas.

Causas da doença
A bióloga Saide Sabóia, especialista em autismo e integrante e fundadora do Movimento Orgulho Autista Brasil, fez um relato dos resultados do 1º Congresso Internacional de Autismo e Transtorno de Atenção, realizado no Rio de Janeiro em maio. Segundo ela, esse encontro mostrou que o autismo não é mais considerado uma doença genética, e sim uma doença ambiental provocada pela exposição da mãe a metais pesados como chumbo, cádmio (existente na fumaça do cigarro), mercúrio e alumínio; e também pelas vacinas tomadas pela criança.

Qualidade do atendimento
Já a representante da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República Niusarete Lima defendeu a melhoria dos serviços de atendimento aos autistas no Distrito Federal, que, segundo ela, já foram uma referência nacional e perderam a qualidade. Niusarete é mãe de uma pessoa com autismo.

Por sua vez, a diretora do Centro de Orientação Médico Psicopedagógica do Governo do Distrito Federal, Rosa Horita, disse que o atendimento aos autistas na rede pública do DF está mal. Segundo ela, há apenas quatro médicos para atender 3.120 portadores de autismo, e dois desses profissionais estão perto da aposentadoria.

Apoio para famílias
A psicóloga clínica Ana Maria Berehoff disse que há uma necessidade urgente de atendimento precoce às pessoas com autismo e de assistência para os seus familiares. "As famílias de autistas estão desprotegidas no Brasil", lamentou ela, que também é orientadora familiar e especialista em transtornos relacionados ao autismo.

De acordo com Berehoff, é aconselhável que os parentes de crianças autistas façam terapia e participem de associações para receber orientações sobre como lidar com essas pessoas. A especialista criticou o orçamento para a área de saúde mental, que, segundo ela, é o mais baixo do setor no País.

Leonardo da Silva Mendes Ferreira, de 33 anos, deu um testemunho sobre a superação das dificuldades pelos autistas. Ele é portador de autismo, concluiu o ensino médio e disse que se sente bem como é. Leonardo agradeceu o apoio da família para completar os estudos.

Apoio da comissão
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Luiz Couto (PT-PB), reafirmou o compromisso do colegiado de apoiar o debate para a elaboração de políticas públicas em benefício das pessoas com autismo. Luiz Couto ressaltou que estão em análise na Câmara propostas como a redução da jornada de trabalho da mãe com filho portador de deficiência (PLs 2869/92 e 4526/94) e o Estatuto do Portador de Deficiência (PLs 3638/00 e 7699/06).

Reportagem - Oscar Telles
Edição - João Pitella Junior

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