Agropecuária

Agricultores: preços de fertilizantes comprometem safra

02/05/2007 - 20:06  

Os aumentos dos preços de fertilizantes poderão inviabilizar a produção agrícola brasileira, segundo alertaram representantes do setor produtivo hoje, em audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Segundo o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), que propôs o debate, em alguns casos os preços aumentaram até 70% em relação aos valores de 2006. A alta atinge adubos como o super fosfato simples e a uréia, largamente utilizados no cultivo de trigo, cevada, milho e feijão.

O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Maciel Félix Caixeta; e o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Ivo Ilário Riedi, alertaram que os reajustes inesperados podem desencadear uma crise irreversível no setor de agronegócios. De acordo com Caixeta, hoje os produtores "plantam prejuízos". Para o gerente de compras da Cooperativa Industrial de Cascavel (PR), Rogério Rizzardi, os crescentes aumentos prejudicam diretamente os produtores. Segundo o último balanço da cooperativa, os gastos com fertilizantes e óleo diesel correspondem a 40% do atual custo agrícola.

Causas
Os representantes dos fornecedores e distribuidores de adubos apontaram vários fatores que, combinados, contribuem diretamente para a elevação dos preços.

O diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos, Eduardo Daher, disse que a dependência do Brasil em relação ao mercado externo de fertilizantes é um dos principais motivos. Segundo ele, o País importa 65% dos fertilizantes que consome. Com o aumento da demanda internacional em 2007, os preços subiram de maneira significativa. A demanda aumentou sobretudo nos Estados Unidos, na Índia e na China, países com grandes investimentos agrícolas.

Daher chamou atenção também para o fato de o preço dos fertilizantes estar vinculado a commodities internacionais. O nitrogênio, por exemplo, é atrelado ao preço do petróleo, e a uréia ao preço do gás natural. Com o aumento crescente dos valores do gás e do petróleo, o fertilizante é majorado na mesma proporção, explicou Daher.

Concentração
A concentração da produção dos fertilizantes importados pelo Brasil contribui de forma significativa para o alto preço do produto, disse o presidente da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil, George Wagner. Os Estados Unidos, a Alemanha, a Rússia e o Canadá produzem 70% dos fertilizantes comprados pelo Brasil, segundo ele informou.

Wagner destacou também a política de subsídios que os países produtores mantêm para proteger suas indústrias. O empresário apontou ainda o custo do frete marítimo e a situação precária dos portos brasileiros como fatores que influenciam no aumento do preço do produto para o consumidor final.

O diretor comercial da Cooperativa Agrícola Centro-Oeste do Balneário Camboriú (SC), Luiz Alberto Boni, afirmou que a indústria nacional também é responsável pela alta de preços. "Os produtores brasileiros estão simplesmente pegando carona nos preços internacionais", criticou. Segundo ele, o fato de a produção ser concentrada em poucas indústrias nacionais dificulta a competição interna.

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Reportagem - Antonio Barros
Edição - Sandra Crespo

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