Ministro nega ter defendido legalização do aborto

10/04/2007 - 21:52  

O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, negou, durante a audiência pública, que tenha defendido a legalização do aborto. "Eu disse [no dia 28 do mês passado, no Rio de Janeiro] que não podemos negar que o aborto é um problema de saúde pública que precisa ser discutido", explicou. O ministro afirmou que não quer discutir o aborto como regra, mas como exceção. "Por falta de acesso à informação, à educação, aos métodos anticoncepcionais a mulher tem que se colocar, sozinha, numa situação de fragilidade, que pode levá-la à morte", disse. "Tenho quatro filhos, sou defensor da vida", ressaltou.

Ele reafirmou, no entanto, que o aborto é problema de saúde pública. Temporão revelou que, no ano passado, o SUS realizou 2 mil abortos legais (casos de gravidez de risco para a gestante ou decorrente de estupro) e 230 mil curetagens (raspagens de útero após abortos). "Na realidade, desde o meu discurso de posse, eu sempre trabalhei essa questão dentro da política de direitos sexuais e reprodutivos. É toda uma política, que vai desde a informação, a educação sexual nas escolas, o acesso aos métodos anticoncepcionais por casais, pelas mulheres, a luta contra a gravidez precoce na adolecência", explicou, afirmando que o aborto envolve um conjunto de medidas que inclui o atendimento ao abortamento em condições seguras.

A deputada Rita Camata (PMDB-ES) manifestou preocupação com as declarações do ministro sobre o aborto em razão das deficiências de atendimento da rede pública de saúde. "Eu fico muito preocupada quando o senhor vem colocando o aborto como direito da mulher, quando não há atendimento adequado no sistema público de saúde", disse Camata.

A deputada Cida Diogo (PT-RJ) informou que vai apresentar proposta de moção de repúdio contra movimentos que estariam distorcendo as palavras do ministro para evitar uma discussão sobre o aborto. "Temporão estava apenas cumprindo seu papel de divulgar dados. Ele não entrou no mérito", avalia.

Reportagem – Edvaldo Fernandes e Paulo Roberto Miranda
Edição – Wilson Silveira

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